Será a China o primeiro País sem dinheiro?

Seis em cada dez compras feitas na China já são pagas digitalmente, num mercado trilionário disputado por duas grandes empresas.

É possível perceber no dia a dia do chinês os mais variados tipos de compras. A compra dos dumplings para o café da manhã ou o noodles do almoço, as frutas de lanche, a flor que vai enfeitar a casa, o mercado ou o pagamento de contas, não interessa o tipo de compra ou estabelecimento, pode ser grande ou pequeno, restaurante ou padaria, as compras acontecem normalmente, a novidade ocorre na hora de pagar.

Equilibrando a compra nas mãos ou segurando as sacolas, o movimento mais comum na hora de pagar é sacar o celular e apontar para papéis ou adesivos com um QR code impresso ou para maquinas que possuem QR code digital ou leitura do mesmo.

O QR code é um código de barras bidimensional que pode ser facilmente escaneado usando a maioria dos telefones celulares equipados com câmeras. Esse código é convertido das mais variadas formas. No caso, o QR code é utilizado para identificar o destinatário de quem vai receber o pagamento ou de quem está pagando. Então basta apontar o celular para o QR code e o pagamento está feito? Exatamente

A China, o país que inventou o papel-moeda há 15 séculos, caminha a passos fortes e firmes para ser o primeiro país a aposentá-lo. As cenas dos pagamentos digitais se repetem nos mais diversos lugares e formas de pagamento.

As compras sem dinheiro já representam 60% do total no país. Em mercados desenvolvidos como o Reino Unido, o índice também é alto (55%), mas o que chama atenção na China é o país ter pulado do dinheiro físico para os meios digitais sem passar pelo cartão de crédito ou débito. Alguns fatores explicam esse salto, como: a pouca popularidade do cartão magnético e os entraves na regulamentação; o aumento de 31% no PIB per capita, para 6,500 dólares, e de 30% na taxa de uso da internet, para 50 em cada 100 chineses nos últimos 7 anos; o custo relativamente barato de smartphones e a falta de computador em algumas gerações chinesas que pularam para o celular.

Duas gigantes respondem por 3 trilhões de dólares em transações em 2016. De um lado a varejista online Alibaba, responsável pelos serviços de pagamento Alipay, criada no final de 1998, fundada por Jack Ma, o ex-professor de inglês que levou o Alibaba à Bolsa de Valores de Nova York. De outro, a Tencent, fundada por Ma Huateng no início de 1999, responsável pelo WeChat, também conhecido na China como Wixin.

A empresa Alibaba chegou antes no mercado de pagamentos. A empresa começou com o Taobao, uma versão chinesa do site Ebay. Em 2004, Jack Ma lançou um clone do serviço PayPal, o Alipay, um app para dar suporte a sua loja online. Em 2009 o Alipay ganhou um aplicativo para celular, o que permitiu fazer pagamentos nos varejos tradicionais com um simples toque na tela.

A empresa Tencent começou com o QQ, uma plataforma de mensagens que chegou a 1bilhão de usuários. Em 2011 lançou o WeChat, um aplicativo que combina as funções do WhatsApp e Facebook, e ainda permite fazer compras, localizar restaurantes, agenda consulta, contratar serviços, verificar a qualidade do ar, entre muitas outras funções.

Mas a escolha do aplicativo é uma questão de preferência, muitos possuem ambos e utilizam de acordo com a disponibilidade. Mas a funcionalidade do serviço de pagamento para ambas é muito parecido. O sistema Alibaba ainda é líder na China, com 54% de participação nas compras digitais, mas a Tencent, dona do WeChat, cresce, sua dominância na audiência móvel é admirável, pois 55% do tempo que os chineses passam no celular são gastos em algum aplicativo da empresa (QQ, WeChat e ouros), com isso muitos usuários acabam utilizando o WeChat Pay.

Em tempos onde tudo está a um toque, por que seria diferente com o dinheiro, não é mesmo?

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